terça-feira, 29 de maio de 2012

TOC infantil ou vaidade?


A menina em seu lindo vestido rosa reclamava com a mãe porque os laços de seu vestido não estavam simetricamente equilibrados. Na opinião dela, um lado estava  maior que o outro. Ao observar aquela cena, pensei se seria o caso de uma criança já  com  tendências perfeccionistas ou havia indícios de  um transtorno obsessivo-compulsivo (TOC)  em tão tenra idade.
Segundo a psicóloga Priscila Chacon, o TOC é um transtorno multideterminado, ou seja, pode haver uma tendência hereditária, mas o meio ambiente e acontecimentos também podem ser fundamentais para o desenvolvimento do transtorno. Alguns fatores de risco como baixo peso no nascimento e pais superprotetores  também devem ser considerados. Ainda segundo a psicóloga, “ a criança passa a ter pensamentos ou imagens obsessivas e ela não quer ficar com aquilo na cabeça. Daí tem uma ação compulsiva para aliviar o pensamento ruim.”( in  A TRIBUNA – 17 de maio de 2012).
Na mesma corrente de pensamento, a Dra Ana Beatriz afirma que “tais pensamentos são considerados impostos e desagradáveis pela pessoa que os apresenta e são motivo de grande ansiedade e sofrimento.” Os comportamentos repetitivos mais comuns são de limpeza, verificações repetitivas, contagem e arrumações intermináveis. Durante um curto período, estes rituais aliviam a carga dos pensamentos desagradáveis, porém eles retomam logo em seguida gerando mais rituais.A Dra Ana Beatriz aponta que, segundo pesquisas, há uma predisposição biológica a reagir de forma acentuada ao stress.
Este fato me preocupa como educadora, pois a fase de alfabetização, normalmente, gera muita ansiedade nos pais que acabam transmitindo esse sentimento para as crianças. Aprender a ler e escrever é um processo longo com várias etapas e variantes comuns para o professor experiente que lida com isso no seu dia-a-dia, porém causa muito ansiedade nos pais e por conseqüência nos filhos. Nesta fase, é comum começar a despontar alguns rituais como apagar inúmeras vezes até que tudo esteja bem simétrico, só usar um determinado lápis porque sem ele nada dá certo.
Outra fase difícil   são as competições. Muitos educadores condenam competições antes dos 10 anos a menos que sejam em jogos cooperativos.Entretanto, no próprio futebol, cada vez mais novas as crianças entram pra valer em competições nas mais variadas categorias que começam com os fraldinhas. Eu presenciei pais gritando, ofendendo professores, técnicos e os próprios  filhos numa agressividade desmedida e desproporcional. Tanto as cobranças em termos de saber ler como da performance em esportes podem desencadear o TOC.
Talvez, a menina do vestido rosa que mencionei no começo deste artigo, estivesse apenas querendo ficar mais bonita, aliás característica tipicamente feminina, mas vale a pena ficarmos sempre de olhos bem abertos.








sábado, 26 de maio de 2012

Twitter como instrumento de aprendizagem


Lendo a revista NOVA ESCOLA, edição de maio/2011, tive uma idéia que me pareceu  perfeita. A  revista  apresenta,  na página 76, uma proposta de Camila Monroe para utilizar o TWITTER  como ferramenta para ajudar a exercitar a capacidade de síntese e a coesão textual. Nesse momento, eu estava justamente trabalhando com a leitura de contos , na aula de reading, e escrevendo mini-sagas como proposta  para writing, por isso a sugestão me  pareceu perfeita, pois eu aliaria as duas habilidades – writing e reading- utilizando a tecnologia.
Bem, a reação deles foi, à principio, de surpresa ou choque. Eles pareciam não entender onde eu queria chegar. A reação deles não me abalou pois sei que, todo adolescente costuma apresentar dificuldades para toda proposta que fuja da área de conforto, mesmo que numa área tão familiar para eles como as redes sociais, pois afinal  o importante é causar.
A primeira proposta foi que eles me enviassem, via twitter, um resumo do conto que nós  havíamos acabado de discutir. Depois de  um tempo, eles aceitaram a proposta achando que seria fácil fazer um resumo em 140 characteres.Ao tentar fazer, perceberam que a tarefa não era assim tão fácil e apelaram  para me enviar por email ou facebook, pois não conseguiam ser tão sucintos.
Imprimi o resumo que achei mais apropriado  e entreguei  uma cópia para todos para que pudéssemos conversar juntos sobre a dificuldade  que estavam enfrentado. Após esta discussão, eles tiveram um tempo em duplas para atingir a meta de 140 characteres.
Minha experiência foi muito boa pois eles acabaram rediscutindo o conto,  conversando sobre técnicas de resumo e trabalhando  gramática e spelling da língua inglesa. Trabalhamos bastante com a classe como um todo, mas também em grupos e em pares. Após esta etapa, voltei-me para trabalhar as mini sagas em 50 palavras. Foi uma experiência muito enriquecedora para todos nós.


quinta-feira, 24 de maio de 2012

A rua mudou-se para dentro de casa


Enquanto levava meu filho para uma de suas atividades extras, passei na rua onde fui criada e comecei mostrando a meu filho onde brinquei de queimada, malha, taco e tantos outros jogos infantis. Neste momento saudosista, foi impossível deixar de ouvir o ressurgir das palavras de minha mãe ecoando em minha mente: “ A RUA   não traz futuro para ninguém”. Esta frase  era usada como argumento para impedir que ficássemos na rua por muito tempo. Claro, que nós podíamos  brincar na rua, desde que tivéssemos as lições feitas e garantíssemos sempre boas notas na escola e nas atividades extras.

Certamente, ela tinha seus motivos, porém hoje o problema é muito mais sério, pois os perigos da rua estão dentro de casa, no Computador. E o pior de tudo é que esta situação está camuflada  pela irreal sensação de segurança oferecida por estar fisicamente dentro de casa.

Como educadora, defendo a tecnologia como importantíssimo instrumento facilitador da aprendizagem.Utilizo a tecnologia como encanto para despertar o interesse do aluno ou como meio para efetivamente levá-lo ao conhecimento. Mas, sobretudo, neste momento, inquieta-me pensar que a rua está dentro de minha casa com minha permissão e sem supervisão.

Desnecessário elencar aqui todos os riscos oferecidos pela Internet desde pedofilia até o exagero da exposição pública, mas faz-se fundamental lembrar  que há, também, os malefícios causados à saúde de nossas crianças e adolescentes como a luminosidade inadequada, redução das horas de sono, privação de alimentação por longos períodos e valores distorcidos.

Saliento que a rua não era a vilã como a internet também não é; todavia, da mesma forma que no passado, nossos pais davam uma espiadela para verificar onde  e com quem estávamos, assim também controlemos as navegações feitas e o tempo na internet. Além disso, conversar, orientar, demonstrar e conversar e, de novo, conversar.... hoje, amanhã e depois de amanhã. A missão dos pais jamais recebe aposentadoria ou férias. Boa sorte na sua empreitada!

domingo, 20 de maio de 2012

Rejeitando um presente


Outro dia, eu estava com um grupo de amigos em uma festa beneficente e, no momento do sorteio minha amiga gritou “ Eu aceito esse presente.”.Para nossa surpresa, ela foi sorteada e ganhou o prêmio. Após esse momento, começamos conversando sobre a importância de saber receber, agradecer e aceitar os presentes que o Universo nos envia.
Seguindo a mesma linha,  num outro dia, lanchando com uma amiga e filhos, uma pessoa senta-se na mesa ao lado dizendo impropérios e amaldiçoando a tudo e a todos. Minha amiga olhou para nós e comentou que ela  aprendeu, há muito tempo, a não aceitar os Karmas que não lhe pertencem e aquela situação  que presenciávamos era uma dessas situações que deveria ser recusada.Comecei, desde então, a meditar sobre o assunto e a recusar esses “presentes” que não me pertencem, machucam ou ferem meus valores.
Às vezes, sofremos por problemas que não são nossos por não perceber que  estamos interferindo  ou avocando para nós uma situação que não nos pertence, ou seja, um Karma que não nos pertence. Quando isso acontecer, sugiro que  recuse o presente, a situação ou a lembrança.
Hoje em dia,  recuso sem dó nem piedade e cada vez que meu cérebro tem uma recaída, sou contundente ao recusar. Como a palavra tem poder, sempre que meu cérebro insiste em retornar àquele momento ou situação, repito mentalmente a frase da Bíblia “ Senhor afasta de mim esse cálice.” E, feliz, viro a página e continuo meu caminho, pois não sou um animal ruminante, tenho cérebro e posso racionalizar as questões, resolvê-las com inteligência e recusar o que não me pertence de uma vez por todas sem ruminar de forma eterna o passado. Fácil???De maneira alguma, exige muito treino, mas você consegue.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Notas baixas



Primeiros resultados das provas chegando e, às vezes, nem sempre tão bons quanto esperávamos. Neste momento de decepção e preocupação, faz-se necessário parar e analisar onde está o problema fazendo algumas perguntas básicas:
  1. As notas abaixo da média ocorreram em duas matérias ou  em sua totalidade ou maioria?
  2. O aluno estudou direito? Quero dizer todo dia um pouco, comparecendo às aulas, fazendo as lições e participando das aulas?
  3. Tem dormido o suficiente? E a alimentação?
  4. Todos os fatores mencionados são importantes.A criança precisa estar bem nutrida para que seu cérebro execute todas as tarefas inerentes à aprendizagem e, estar bem nutrida, implica não só em  alimentos apropriados, mas também, horas de sono adequadas e em número suficiente para estar bem disposta pela manhã.
Aos pais, cabe estabelecer e fazer cumprir o ritmo de estudos. Peço especial atenção às crianças com déficit de atenção. Nestes casos, a criança precisa estudar num local tranquilo, mas na presença de alguém que a ajude a voltar ao tema quando perceber que ela viaja para “o mundo da Lua ”  e “pega carona numa calda de cometa”como diz a música Balão Mágico.
Ajudar a estudar, NÃO é fazer as lições e trabalhos para a criança. Embora, esta afirmação pareça óbvia, esta semana, enquanto eu fazia esteira, minha colega na esteira ao lado lamentava-se da má performance da filha na escola apesar de estudar tanto e ter tamanha cooperação da mãe que, inclusive, fazia os resumos de história, geografia e outras disciplinas para ajudar a filha a estudar. Neste momento, tentei explicar que resumir um conteúdo aprendido na escola implica em ter assistido à aula, feito anotações, lido sobre o assunto no livro didático sublinhando os pontos importantes e só, então, redigir com suas próprias palavras o que aprendeu. Após todo este processo, bastaria reler o resumo e fazer a prova com sucesso.Todavia, ao fazer o resumo pela filha, além de impedir a filha de construir seu próprio conhecimento apropriando-se dele em seu próprio ritmo, entregou-lhe um resumo ineficaz pois, certamente pontos muito importantes ressaltados pelo professor  em sala de aula foram desconsiderados pela mãe.
Em educação não existe caminho mais curto nem milagre, porém uma boa parceria entre escola e família pode alcançar o êxito.

Um oferecimento:


E


            


sexta-feira, 11 de maio de 2012

Aprendi em Orlando


Visitando o  Sea World  em Orlando aprendi algumas coisas com os treinadores. Observei que SEMPRE  que os golfinhos ou baleias faziam o que era esperado recebiam uma bela recompensa; entretanto, se ousavam fazer algo que desagradava os treinadores, eram simplesmente IGNORADOS. Toda atitude que não corresponde ao esperado recebe  Blank, ou seja não era esboçada a menor reação. É importante lembrar que uma bronca, tanto quanto um gesto ou expressão de desagrado,  constitui uma reação.
Outra técnica interessante é a da aproximação. Segundo os instrutores, cada mínima tentativa de fazer o que é esperado, já recebe um prêmio que vai subindo em uma gradação constante desde um afago e palavras até chegar  no prêmio comestível e, inclusive, no número de peixes que eles recebem.
Também, achei bastante interessante, a técnica de, ao invés de pedir que NÃO faça determinada coisa, a orientação é ORDENAR  ou ensinar a fazer outra. Por exemplo, ao invés de  tentar ensinar que não é pra mergulhar pela direita, eles ensinam e recompensam quando o mergulho é feito pela esquerda.
Analisando tudo isso, percebi que  há uma relação muito próxima entre treinar animais e educar crianças.Dar broncas e castigos constituem  reforços negativos eficazes e contundentes.Dependendo de quanto a criança precise inconscientemente chamar  a atenção do adulto, a bronca satisfará a  necessidade de atenção cujo padrão será repetido infinitamente. Ignorar o negativo e reforçar o positivo são sempre a melhor conduta.
Outro dia, uma amiga comentou que  é um tormento sair com o filho de tão levado que ele é. Recomendei que ela sempre carregue consigo jogos eletrônicos, livros, brinquedos ou desenhos para colorir. Ao invés de forçar a criança a ir contra sua natureza investigativa e ativa, mantê-la ocupada fazendo outra tarefa é uma tática bem mais eficaz e produtiva.
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sábado, 5 de maio de 2012

Ser poderosa é...


               Minha mãe  sempre mencionava tudo que havia aprendido na Cruzada das Senhoras Católicas  e, com a melhor das intenções, tentou me ensinar tudo que ela podia almejando que eu fosse uma mulher de sucesso no lar.Tive aulas de música, balé, línguas, mas também, pintura, bordado,crochê, costura, etiqueta e culinária. Porém, seguindo o que faz a maioria dos jovens, resolvi trilhar um caminho bem diferente e mais difícil. E, de repente, me vejo tentando equilibrar casa, família, vida  profissional, lazer, redes sociais, amizade e estudos.Será que minha mãe se decepcionou comigo?
Assistindo ao filme Não sei como ela consegue, encontrei-me ao longo de toda a aventura da protagonista, principalmente quando ela ensina que o segredo do bom malabarista não é apanhar as coisas, mas mantê-las no ar jogando-as para cima.É assim que me sinto.
Bem, se vocês, caros leitores, esperam pela minha fórmula mágica, serei obrigada a desapontá-los. A sensação que tenho é a de NADAR NADAR e morrer na praia.Todavia, posso dar-lhes algumas dicas úteis:
-boas equipes:  em casa, uma boa empregada, e no trabalho, uma secretária eficiente e colegas muito cooperativos;
-amigas com muito boa vontade  para partilhar caronas e momentos difíceis;
-planejamento e organização.
    Amigas  com quem compartilhar o leva e busca

    Companheiras de fraldas e mamadas e cursos

           






 
Grupo de estudos
             Vale lembrar ainda que várias coisas vão sendo exigidas e, como costumo dizer, todas simultaneamenteconcomitantemente e ao mesmo tempo, tais como:  reuniões de escola e de serviço, festinhas de dia das mães, projetos escolares e profissionais, ginástica,consultas médicas, salão de beleza, alimentação saudável, horas de sono, redes sociais, ações filantrópicas, festas e eventos.Como diria João Guimarães Rosa: "é um nunca acabar" que exige muita energia, bom humor e Amor.

         
Balada
              Nesta missão, a companhia das amigas é indispensável seja para estudar ou para descontrair. Ufa!!!!
              Como num círculo, retomo o primeiro parágrafo:"O que ensinarei à minha filha?" Certamente, muitas coisas em comum com o que minha mãe me ensinara, mas também como andar de salto alto com elegância, estudar e como equilibrar vida pessoal,profissional e social. Porém, acima de tudo preciso ensinar a seguir a intuição feminina sem jamais abandonar os valores pessoais. Será suficiente? Prometo me esforçar para não morrer na praia embora nem saiba nadar. Já ultrapassei as mamadas e as fraldas, hei de ultrapassar os demais desafios também.