sábado, 20 de julho de 2013

Imediatismo e frustrações

Em educação, mensurar o tempo que levará para apreender o conteúdo é muito difícil porque há variáveis que abrangem aspectos não só mentais, mas também emocionais e físicos. Na era do imediatismo como esta que vivemos, este fato  constitui-se frequentemente num complicador.
Até esta semana, eu acreditava que era só na educação que se refletia essa falta de preparo para lidar com frustrações. Já vi pais comprando medalhas para dar  para os filhos quando eles não conseguiam obtê-las por mérito para que “não ficassem tristes”, permitindo que troquem o almoço por guloseimas porque estão doentes, indo “acertar as contas” com o amiguinho que enfrentou o pobre  e indefeso filhinho e mais um sem número de desmandos que não só deseducam como não preparam para lidar com as frustrações que, na verdade, constituem  um processo natural da vida.Minha mãe dizia;"Quem tem pressa, come cru e quente". Com esta frase, ela nos ensinava que há tempo para plantar e tempo para colher, não se apressa a natureza.
Consolei-me ao ler um depoimento do médico –pediatra Anthony Wong do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, em que ele afirma que “A geração de hoje é imediatista, aqui e agora, quer satisfação e alívio imediato. Quantas mães dão remédios até na época do nascimento dos dentes? Um absurdo! Essa é uma dor absolutamente natural! Em vez de deixar a criança agüentar e aprender a lidar com a situação pedem para o pediatra indicar algo.”
Num momento de crise,  a criança precisa  de colo, amparo e carinho demonstrados não só fisicamente, mas também pelo olhar de acolhimento dos pais. Assim, a criança poderá trabalhar dentro de si a frustração ou outros sentimentos elaborando-os e não fugindo deles. Amar é cuidar e isto não significa evitar sofrimentos e frustrações.


2 comentários:

  1. Anna:

    Estamos vivendo tempos estranhos. É verdade que tudo muda, mas parece-me que a mudança foi para pior.
    É comum, dentre a classe média, encontrarmos mães que são totalmente dependentes da figura imprescindível: a babá; pais omissos que nunca jogaram futebol com seus filhos e não suportam ouvir birras, manhas e gitarias.
    Embora não estejam inseridas no mercado de trabalho, nem tenham compromissos inadiáveis, mães transferem a educação de seus filhos para terceiros, no caso a babá ou para os avós.
    Cabe lembrar que a função precípua de avós é deseducar, por motivos óbvios e a babá quase sempre não tem preparo e competência para esta incumbência.
    Então, é mais fácil permitir tudo, aceitar tudo, fazer as vontades mais absurdas, comprar com presentes e numerário um comportamento que não lhes traga maiores complicações e o exaustivo trabalho de educar.

    Poupar os filhos de frustações, queimar etapas, blindá-los contra tudo e não lhes negar nada é a melhor maneira de forjar adultos simplesmente insuportáveis e dissociados do mundo real. Passam a gravitar ao redor do planeta das concessões e facilidades.
    Já testemunhei cenas inimagináveis em outros tempos, quando a educação de filhos era uma obrigação dos pais que a cumpriam prazerosamente.

    Enfim, temos que admitir: educar dá muito trabalho.

    R.Floyd

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    1. Floyd,
      Vc está certo e ainda acrescento que a missão de educar está sendo relegada não só às babás mas tb às escolas. Os pais estão misturando os termos e atribuições. A escola é responsável pela educação acadêmica, a família deveria cuidar dos valores e comportamentos.
      É educar dá muito trabalho, vc está certo,mas faz parte da missão assumida por quem se propôs a ter filhos, não é? Além disso, um trabalho bem feito na infância, facilita muito a vida a longo prazo. É uma questão de investimento, paciência e Amor.Um bom domingo pra vc!!

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