terça-feira, 30 de maio de 2023

Conversa de aluno

Estava em sala de aula aguardando que meus alunos terminassem um exercício quando uma aluna disse: - Eu não gostaria de ser um lápis. O aluno ao lado respondeu: - Eu gostaria, poderia ser levado no estojo para vários lugares e seria muito útil. Mas, minha aluna respondeu que não gostaria porque quebrariam sua ponta ou até mesmo quebrariam o lápis inteiro ao meio, rolaria pelo chão, seria esquecido, enfim, nem pensar. Porém, não terminou por aí. Falou rapidamente: - Eu seria um trem. Viajaria por vários lugares. Seria ótimo. Neste momento, percebi que os olhos dela ficaram distantes, como quem estava de fato se imaginando um trem. Achei aquela conversa tão inusitada que fiquei prestando atenção. Uma outra colega de classe disse que um trem não pode sair dos trilhos, ela ficaria muito restrita. Porém, ela já tinha resposta : - Eu quero ser um trem antigo na Europa. Andaria por todos os países da Europa. Neste momento, não aguentei e tive que dar um palpite: - Você poderia ser um trem bala no Japão! Mas, ela não gostou da ideia e ainda justificou: - Creio que o trem bala deve ser muito arrogante. Deve ser achar o máximo, grandão, poderoso, rápido e moderno. Deve olhar para os outros com ar de pouco caso, de desdém. Não gostaria de ser um trem bala! E, quando achei que já tinha ouvido de tudo na vida, uma outra aluna dispara - Eu não gostaria de ser um túnel! Meu, - um túnel???? . Olhei para ela, tentando entender do que se tratava. Ela continuou explicando que um túnel é escuro e ninguém presta atenção quando está passando. Só estão concentrados em chegar na saída. Definitivamente, nesta sexta-feira a tarde, eles estavam muito filosóficos , criativos e, definitivamente, muito empáticos. Neste instante, chegou a hora de corrigir o exercício e o momento “O QUE EU SERIA ACABOU”. Ness hora, é claro, que alguns tinham viajado no trem da minha aluna e não tinham feito o exercício. Entretanto, achei que a viagem foi bem divertida. E você? O que seria? Eu seria um livro para contar muitas histórias, levar conhecimento, diversão e reflexão.

sábado, 27 de maio de 2023

E se eu morrer amanhã?

Morte é um tabu e precisamos superar esse receio que nos impede de falar sobre a única certeza que temos na vida. Você fala sobre morte? Mais precisamente sobre a sua? Ou foge do assunto? Me conta. Eu fugia do assunto e logo interrompia qualquer conversa que enveredasse por esse lado alegando que preferia falar sobre coisas boas. Entretanto, ouvi um podcast do Itaú Personnalité no qual os participantes, além de falarem sobre a importância dos seguros, também defendiam a ideia que precisamos comunicar a família sobre o que está assegurado , onde e como. A partir daí, passei a comunicar meus filhos sobre os seguros que eu tinha, e embora eles ainda não gostem quando falo nisso, vou dizendo outras coisas como o fato de que quero ser cremada e que quero estar com um terço nas mãos, colar e brincos, tudo combinando. Lendo o livro, A morte é um dia que vale a pena viver, de Ana Claudia Quintana Arantes, comecei a pensar que não posso morrer e levar comigo todo o conhecimento que tenho na área educacional. Por isso, estou organizando um curso para compartilhar meu conhecimento com professores em início de carreira ou profissionais com experiência que queiram novas ideias. Se estiver interessado, me mande um email: silva.mss@gmail.com

domingo, 21 de maio de 2023

Lidar com frustrações se aprende em casa?

Adriana Foz inicia um capítulo de seu livro sobre Frustrações com a frase de Içami Tiba “ Criar uma criança é fácil, basta satisfazer-lhe as vontades. Educar é mais trabalhoso.” Porém, como superar a frustração? Cada vez mais percebo que as novas gerações não conseguem lidar com as frustrações. Segundo a autora do livro Frustração este exercício deve ser ensinado às crianças e praticada ao longo de toda a nossa vida. A autora ainda coloca que “ Permitir, então, que seu filho erre, se frustre e supere é o presente mais precioso que você pode lhe dar, por incrível que pareça.” Achei interessante também a colocação da autora que nos leva a pensar muito ao afirmar que é melhor aprender sobre frustrações num ambiente controlado e amoroso como é a família a ter que aprender com as situações adversas da vida. Coisas simples como aprender a esperar sua vez, fazer pequenas escolhas, lidar com o tempo, seguir uma rotina e lidar com o não devem ser ensinadas em casa. Algumas áreas do cérebro precisam ser amadurecidas e treinadas ao longo da infância, portanto vale a pena aguentar a birra e o choro em prol de um treinamento para exercer o autocontrole. Lembro que uma vez eu tentava ensinar meu filho que era um tanto intempestivo que ele deveria contar até dez antes de sair batendo nas pessoas, derrubando cadeiras ou batendo portas. Jamais esqueci a resposta confusa dele ao me dizer que ele só sabia contar até 5. Sorri e disse para contar até cinco duas vezes. Confesso que não foi um caminho fácil, mas fui ensinando cotidianamente a lidar com frustrações e exercer o autocontrole. Com muito orgulho, afirmo que fui bem-sucedida na minha jornada, embora não tenha sido fácil. Como dizia Içami Tiba, “educar é trabalhoso.” Como professores, também temos nossa missão. Costumo ensiná-los a lidar com a ansiedade escrevendo na lousa o que será feito na aula e o tempo que planejei usar para cada atividade. Nem sempre conseguimos chegar na parte mais gostosa que são as atividades lúdicas ou, então, preciso interromper uma atividade divertida para poder seguir com outras atividades. Todos esses momentos, são momentos de aprendizado com bastante reflexão.