Uma consulta à pediatra que jamais esquecerei aconteceu quando meu filho tinha por volta dos dois anos. No meio da consulta, de chofre, sem prévio-aviso, a doutora perguntou-me:”Ele é o seu bebê, não é mãe?” Diante da minha resposta afirmativa, ela disse:” Lamento-lhe informar, mas ele não é mais um bebê. Deixe-o crescer.” Saí do consultório abalada e constatei o que vários pedagogos já haviam descrito sobre as mães:” As mães tendem a tratar o filho mais novo como um bebê especialmente quando decidiram que não terão mais bebês. É uma forma de se agarrar a ele e manter a sensação de ser mãe sempre próxima.”
Mais recentemente, flagrei-me chamando meu filho de treze anos de meu bebê e, para completar, encontrei com uma amiga que faz a mesma coisa. Então, após esta conversa com ela, recordei-me de um livro que li há algum tempo chamado A Síndrome de Peter Pan de Dan Kiley.. Neste livro, o autor explica que o indivíduo com esta síndrome tende a apresentar rasgos de irresponsabilidade, imaturidade, cólera, dependência e negação do envelhecimento. Para manter-se sempre jovem, o indivíduo foge das responsabilidades como forma de negar o inexorável ritmo da vida.
Apesar de não aparecer nos manuais de transtornos mentais, todos podemos observar este tipo de comportamento recorrente em muitos indivíduos que nos cercam. Acredita-se que estes comportamentos imaturos sejam frutos do tipo de lar, de fatores educacionais, emocionais e fisiológicos.
Ao digerir tudo isso, comecei a relacionar esta síndrome e a maneira como nós mães tratamos nossos filhos mais novos prolongando a infância ou até perpetuando-a. Será que nós mães contribuímos com essa situação? O carinho e o amor que sentimos precisa sempre ser acompanhado de lucidez e muito cuidado. Para ajudar neste caminho contamos com as amigas, pediatras, professores, enfim todos que nos cercam. Partilhando informações em conversas informais, acordamos para pequenos detalhes. Desejem-nos sorte!