quarta-feira, 12 de abril de 2017

Os 13 porquês



Ao invés de elencar as treze razões pelas quais você deve assistir  à série com seus filhos, reservo-me o direito de descrever o “ como” ao invés do porquê. Minha mãe foi criada pela tia na época em que as cartas eram a forma de comunicação utilizada. Minha mãe dizia que a tia lia todas as cartas que  ela, minha mãe, recebia,  porém não lia as que minha mãe enviava. Desta forma, ela sabia de tudo que se passava.
Seguindo este princípio, porém de uma forma menos  invasiva, sugiro que assistam os 13 porquês junto com seus filhos e conversem sobre isso. Debatendo esses fatos, ouvindo os exemplos e as opiniões colocados, os pais poderão ter um panorama da vida na escola de seus filhos. Aconselho que vejam os fatos  pelo prisma da imaturidade e do excesso de hormônios típicos dessa faixa etária. Evitem banalizar com frases do tipo: “ Que bobagem!” “ Precisava de tudo isso?” Daniel Goleman recomenda em seu livro Inteligência emocional os seguintes passos para uma conversa:
  1. Ouvir
  2. Validar sentimentos sem julgar
  3. Demonstrar compreensão
  4. Propor ações
Em casos de bullying, a parceria escola-família é fundamental. Não recomendo a leitura nem a série antes do ensino médio, há cenas e questões muito fortes, porém, tudo depende da maturidade e do momento que o adolescente está vivendo. De qualquer forma, a participação da família é essencial. Bom trabalho!

terça-feira, 4 de abril de 2017

Madame Samovar e Zip

No filme a Bela e a Fera, foi impossível não sorrir ao ouvir Mrs Potts, ou Madame Samovar, dizer para seu filho Chip, ou Zip em português, "Nighty night". Sorri  porque essas palavras  são de fato muito comuns na maioria dos lares norte-americanos.
O discurso dirigido às crianças costuma ser, por muitos pais, modificado e caracteriza-se por um ritmo mais lento, um tom mais alto, entonação mais acentuada, sentenças mais simples, repetições constantes e ênfase nas palavras-chave. Além disso, os tópicos de conversação envolvem o meio ambiente, o aqui e agora ou experiências vividas. Durante a conversa, adultos normalmente repetem o que as crianças disseram, porém expandindo ou reeditando o que foi dito em sentenças gramaticalmente corretas. Por exemplo, quando em português a criança fala – Eu vi ela no parque.  A mãe repete corrigindo: - Ah, você a viu no parque.
Segundo pesquisa de Catherine Snow (1995) juntamente com outros pesquisadores, foi observado que esse uso mencionado acima ajuda a aprendizagem no sentido de que há uma interação ajustada ao nível de compreensão da criança. A repetição ou paráfrase vinda do adulto faz com que a criança se sinta compreendida.
Por tudo isso e mais algumas outras pesquisas, observou-se a importância dessa interação para aprendizagem da língua. A televisão obviamente não oferece essa comunicação mesmo nos programas infantis onde a linguagem também é mais simples e os tópicos relevantes para a idade.  Por outro lado, posteriormente, a televisão constituirá uma fonte de língua e cultura, porém não na fase inicial da aquisição de linguagem.

Source: Language Learning in early childhood by Patsy Lightbown and Nina Spada


sábado, 1 de abril de 2017

Alemanha e seus dialetos - origens

A Alemanha que conhecemos hoje surgiu num processo que se estendeu por vários séculos, e suas origens perdem-se no tempo. A palavra Deutschland (Alemanha) compõe-se de dois elementos: enquanto land significa terra, deutsch, que só apareceu no século VIII, designava inicialmente a língua falada na parte oriental do império dos francos, cujo  apogeu ocorreu no reinado de Carlos Magno.
Apesar desta longa existência, demorou muito para que os povos germânicos constituíssem uma única nação. Todo esse movimento unificador começou com a constituição do grande Estado franco e sua conversão ao cristianismo durante o reinado de Clóvis (481 a 511 d.C.), episódio que está ligado também à origem da França. Três séculos depois, após a morte de Carlos Magno (814 d.C.), o império começou a  desintegrar-se devido a partilhas sucessórias. Formou-se um império ocidental e um oriental – a fronteira política correspondia mais ou menos à fronteira linguística entre o alemão e o francês. E, mais uma vez, houve separação ao invés de união.
Aos poucos, os habitantes do império oriental iniciaram um processo de união. A palavra que a princípio designava a língua passou a qualificar o povo que a falava e, depois, a região por ele habitada: Deutschland. A partir desse momento, pode-se dizer que a Alemanha adquiriu uma história própria, no contexto da Europa centro-ocidental.
Apesar de territorialmente, começar a existir como um Estado, dentro da língua alemã foram mantidos vários regionalismos e dialetos tão característicos e únicos que, por vezes, parece que a Alemanha ainda é constituída por várias tribos ou estados independentes. Em alguns lugares, como na Bavária, o dialeto local é usado corriqueiramente, não apenas em casa como em outras regiões, transmitindo para quem a visita a ideia de ser outra língua. Os naturais da Região têm muito orgulho de seus costumes e língua, inclusive mantendo o ensino deste dialeto nas escolas. O que é considerado Alto Alemão é usado restritamente na região.
Neste caso, embora a raiz seja germânica, as diferenças são tantas que até parece tratar-se de outra língua mesmo.
Além da existência desses dialetos dentro das próprias fronteiras, o alemão ainda é falado na Suíça e na Bélgica com diferenças bem mais marcantes do que a diferença entre português de Portugal e do Brasil, por exemplo.
Toda esta riqueza linguística, treina o cérebro, os ouvidos e todo o aparelho fonador dos alemães para aprender línguas, pois praticamente convivem diariamente com pelo menos duas línguas: o dialeto em casa e o Alto alemão na convivência social.
Toda esta história, comprova que a crença de que o ensino bilíngue  pode atrapalhar ou atrasar a aprendizagem é apenas um mito.