A Alemanha que conhecemos hoje surgiu num processo que se
estendeu por vários séculos, e suas origens perdem-se no tempo. A palavra
Deutschland (Alemanha) compõe-se de dois elementos: enquanto land significa
terra, deutsch, que só apareceu no século VIII, designava inicialmente a língua
falada na parte oriental do império dos francos, cujo apogeu ocorreu no reinado de Carlos Magno.
Apesar desta longa existência, demorou muito para que os
povos germânicos constituíssem uma única nação. Todo esse movimento unificador
começou com a constituição do grande Estado franco e sua conversão ao
cristianismo durante o reinado de Clóvis (481 a 511 d.C.), episódio que está
ligado também à origem da França. Três séculos depois, após a morte de Carlos
Magno (814 d.C.), o império começou a desintegrar-se devido a partilhas sucessórias.
Formou-se um império ocidental e um oriental – a fronteira política
correspondia mais ou menos à fronteira linguística entre o alemão e o francês.
E, mais uma vez, houve separação ao invés de união.
Aos poucos, os habitantes do império oriental iniciaram um processo
de união. A palavra que a princípio designava a língua passou a qualificar o
povo que a falava e, depois, a região por ele habitada: Deutschland. A partir
desse momento, pode-se dizer que a Alemanha adquiriu uma história própria, no
contexto da Europa centro-ocidental.
Apesar de territorialmente, começar a existir como um
Estado, dentro da língua alemã foram mantidos vários regionalismos e dialetos
tão característicos e únicos que, por vezes, parece que a Alemanha ainda é
constituída por várias tribos ou estados independentes. Em alguns lugares, como
na Bavária, o dialeto local é usado corriqueiramente, não apenas em casa como
em outras regiões, transmitindo para quem a visita a ideia de ser outra língua.
Os naturais da Região têm muito orgulho de seus costumes e língua, inclusive
mantendo o ensino deste dialeto nas escolas. O que é considerado Alto Alemão é
usado restritamente na região.
Neste caso, embora a raiz seja germânica, as diferenças são
tantas que até parece tratar-se de outra língua mesmo.
Além da existência desses dialetos dentro das próprias
fronteiras, o alemão ainda é falado na Suíça e na Bélgica com diferenças bem
mais marcantes do que a diferença entre português de Portugal e do Brasil, por
exemplo.
Toda esta riqueza linguística, treina o cérebro, os ouvidos
e todo o aparelho fonador dos alemães para aprender línguas, pois praticamente
convivem diariamente com pelo menos duas línguas: o dialeto em casa e o Alto
alemão na convivência social.
Toda esta história, comprova que a crença de que o ensino bilíngue pode atrapalhar ou atrasar a aprendizagem é apenas um mito.
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