Eu era ainda adolescente quando li que o parto mais difícil
não é o físico e sim o parto da independência quando, já adulto, os filhos
quebram aqueles laços que os mantiveram
ligados à genitora, como um cordão umbilical invisível,mesmo após a separação
física.
Na época, compreendi o que minha mãe deveria estar sentindo,
pois eu estava terminando a faculdade e começando efetivamente uma vida adulta.
Assim, o tempo passa fugaz e deparo-me enfrentado uma
situação semelhante. Minha filha está prestes a iniciar sua vida independente e
longe de mim. Este parto é realmente difícil.
Apesar de confiar na formação que ofereci e, principalmente,
no ser humano que ela se tornou, fico triste ao imaginar-me sem a companheira
agradável e alegre que ela é. Não, não sinto saudades da época que ela era
pequena. Tenho boas lembranças e carrego em minha mente e em meu coração momentos e sentimentos
memoráveis, embora também difíceis e não quero retornar a eles. Vivencio
sentimentos contraditórios e confusos. Por um lado, sinto em meu coração muito
orgulho, por outro lado muito medo e a dor da separação. A saudade dos momentos
que ainda vivo e o medo da nova vida: a
minha e a dela.
Não há culpados: não são os hormônios, nem a falta de vida
própria. É a roda da vida que segue seu rumo. Aprender a lidar com o novo e
reiniciar. Afinal, tudo se transforma, muda, nada é permanente. E como costumo
dizer só encontra o novo quem se permite abandonar o velho.
Esta noite sonhei que eu precisava atravessar um lago. Eu via
bem as águas plácidas e nada ameaçadoras; entretanto, um terror estava
instalado dentro de mim. Adoro a praia, o mar, a piscina e estar na água,
todavia,ao mesmo tempo, temo a água. Uma ansiedade desmedida crescia dentro do
meu peito enquanto eu olhava para o lago, o barco e a necessidade de
atravessar. A dúvida e a angústia cresciam concomitantemente com a vontade de
vencer, pois minha presença se fazia necessária do outro lado.Enquanto,
hesitava entre ir ou ficar, escutei minha filha gritando: “A minha mãe tem
pavor de água!!! Ela só se aventura quando ela confia em quem está com ela.”
Ao contar este sonho para minha filha, ela disse: “Mãe,
claro que eu sempre te ajudarei a atravessar a água, mas mesmo que algo acontecesse,
um monte de gente estaria lá pra te salvar!!”
Compreendi a mensagem. O sonho me indica que o lago é
tranqüilo e, embora, com medo, o lado de lá está perto e fácil de atravessar.
Tenho os meios e os motivos. E com minha filha, a certeza de que ela sempre
estará por perto quando eu precisar, mas que há um monte de outras pessoas
também comigo. Não estou só nem abandonada, apenas começando um novo ciclo.
E que venha!!!
sim, querida...chegou enfim o momento da pequena borboleta sair do casulo...Momento de crescimento e de aprendizado!
ResponderExcluirAprendizado mútuo, aliás,mas como você mesma já sabe,você e ela estarão amparadas por muitas pessoas que as amam simplesmente, e mesmo não estando sozinhas, ainda assim sempre terão a amizade, a cumplicidade e o respeito que construíram como mãe e filha!
abraços e sucesso para as 2, na nova jornada!
Que lindo Anna!!!!!
ResponderExcluirA "separação"é difícil,mas nescessária em determinados momentos...Ë vida que segue!!!!
Resta a nós , mães,o controle da nossa ansiedade e assistir com muito orgulho o desempenho da nossa cria nesta nova etapa.......Bjos
Com certeza não é fácil. Passei por isso. Primeiro a alegria por minha filha ter ingressado na USP, a universidade mais concorrida do Brasil, euforia , animação... mas depois... no dia a dia é que a "ficha vai caindo".
ResponderExcluirConfesso que passei por dias muito difíceis. Minha filha sempre foi companheira DEMAIS. Cheguei até a sentir um pouco de depressão... Mas nada que o tempo não cure.
Hoje , ao ver minha filha caminhando tão bem sozinha e feliz profissionalmente dá para dizer que realmente é mais um ciclo da vida que passa...
Com certeza Anna, sua filha vai corresponder muito bem a toda a educação e amor que você passou para ela. Felicidades. Um beijo