quarta-feira, 17 de junho de 2020

Fadiga Virtual



Reunião do Conselho Diretor Rotary Santos-Boqueirão
Você já teve vontade de gritar quando alguém te chama para uma vídeo chamada por qualquer das plataformas usadas atualmente?  Já se sentiu sem forças após trabalhar online ou sair de uma reunião por videoconferência? Será que uma chamada telefônica é menos cansativa para o cérebro? De um dia para o outro fomos todos atirados para as videoconferências: são aulas  e trabalho online,  reuniões, webinars, lives ou seja palestras e conferências e como se isso não fosse suficiente, a academia de ginástica e até os happy hours.   Será que tudo isso  causa algum efeito no nosso cérebro? 
As pessoas  estão em constante   comunicação mesmo quando estão quietas. Durante uma conversa presencial, o cérebro se concentra parcialmente nas palavras que estão sendo ditas, contudo,  obtém um significado adicional por meio de  dezenas de mensagens não verbais. O cérebro registra  como e se alguém está olhando para você ou se afasta levemente, se  mexe no cabelo enquanto você fala e  se  alguém inala rapidamente, preparando-se para interromper.
Por outro lado, uma vídeo- chamada típica prejudica essas habilidades arraigadas no ser humano e requer atenção constante e intensa às palavras como única forma de comunicação. Se uma pessoa é enquadrada apenas dos ombros para cima, a possibilidade de visualizar gestos com as mãos ou outra linguagem corporal é eliminada. Se a qualidade do vídeo for ruim então, qualquer esperança de recolher algo a partir de pequenas expressões faciais é frustrada.
Segundo Andrew Frankln, professor – assistente de  Cyberpsychology na Universidade Estadual de  Virginia Norfolk , para alguém que é realmente dependente dessas dicas não verbais, pode ser uma grande drenagem de energia não tê-las e exige um esforço muito maior para compor a informação ou mensagem.
Outro ponto que desgasta muito é encarar a  tela com várias pessoas. Professores enfrentam essa questão todos os dias, diversas horas por dia ampliando  e potencializando este problema. A visualização da galeria - onde todos os participantes da reunião aparecem - desafia a visão central do cérebro, forçando-o a decodificar inúmeras pessoas simultaneamente.
Para algumas pessoas, essa divisão prolongada da atenção cria a sensação desconcertante de ser drenada à exaustão sem  conseguir nada.  É como se o celular ficasse rodando indefinidamente em busca de uma conexão. O cérebro fica sobrecarregado por excesso de estímulos desconhecidos ao mesmo tempo em que se concentra na busca de pistas não verbais que não consegue encontrar.
Pelo exposto, a explosão sem precedentes de seu uso em resposta à pandemia lançou um experimento social não oficial, mostrando em escala populacional o que sempre foi verdade: as interações virtuais podem ser extremamente difíceis para o cérebro.  É por isso que,  de acordo com Franklin, um  telefonema tradicional pode ser menos cansativo para o cérebro,  porque cumpre uma pequena promessa: transmitir apenas uma voz.


Artigo da National  Geographic  BY JULIA SKLAR


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