Alguns visionários previram que o homem do futuro terá os polegares mais desenvolvidos em virtude dos jogos eletrônicos e das digitações em celulares. Atualmente, como educadora, já verifico um déficit na coordenação motora das nossas crianças.
Mário Sérgio Cortella afirma em seu livro Educação, Escola e Docência: “quer ver um sinal de outra doença coletiva moderna? No domingo, famílias inteiras saem juntas de casa para comer comida caseira! A casa ficou distante de casa…”
Aliando as duas ideias, compreendi o porquê desse déficit apresentado. Em um tempo não muito distante, as mães e avós costumavam cozinhar junto com as crianças. As crianças desenvolviam a coordenação motora em casa, ou melhor, na cozinha enquanto misturavam os ingredientes para um bolo, uma pizza ou um pão com as próprias mãos. Na minha infância, em casa, brincávamos de fazer empadinhas e bolachinhas. Era uma grande diversão! Infelizmente – embora eu adore brigadeiro de colher – até os brigadeiros deixaram de ser enrolados um a um em tamanhos aproximadamente semelhantes. E amassar os ingredientes para fazer uma boa massa de pão e depois dividir em partes iguais e deixar crescer? Sem micro-ondas, aproveitávamos o aroma que ia crescendo lentamente do bolo que crescia no forno e invadia a cozinha e a casa.
Todos estes exemplos, constituíam uma forma de compartilhar momentos juntos em família, conversar, rir, fazer uma bagunça saudável, aprender matemática, desenvolver a coordenação motora e ainda de quebra saborear o gostinho de uma receita caseira passada de mãe para filha. Ah, aquele cheirinho de torta na janela para esfriar, ícone dos desenhos americanos, existia nos bolinhos de chuva preparados para o café das cinco.
Estamos na era da falta de paciência e de tempo. Na verdade, era do Fast. Tudo tem que ser rápido e prontamente entregue. Sem frustrações. Sem espera. Não há tempo a perder, porém estamos perdendo muito tempo de viver!
Este texto não é uma mensagem saudosista, nem uma acusação contra a tecnologia, mas um apelo: não furte da sua família o prazer da convivência em família, do construir algo juntos, do curtir e compartilhar ao vivo e em cores. O grande vilão não é a tecnologia. Além da melhora nas relações familiares, as professoras agradecem o desenvolvimento motor desenvolvido naturalmente.
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