Sempre ouvi dizer que de médico, poeta e louco todo mundo
tem um pouco e foi assim que saímos nos sentindo após três dias em um Congresso
Internacional sobre dificuldades de aprendizagem e inclusão.
A cada palestra, a cada mesa redonda, a cada conferência
saíamos com mais e mais certezas e dúvidas sobre nós mesmas e todos os que nos
cercam. Começamos por nos auto-analisar e, claro, impossível não lembrar dos
amigos e dos familiares. Entre nós, já começamos a nos diagnosticar: somos duas
com TDAH, outra com transtorno obsessivo por compras, outra com alguma TEA
indefinida – porque todo mundo tem alguma característica de TEA
leve - e outra com síndrome de ansiedade crônica. Resumindo, todas fazem
parte da inclusão no ambiente de trabalho!
Na verdade, brincadeiras à parte, o objetivo desta postagem
hoje é salientar que, como afirmou Julio Furtado em sua palestra, criamos o típico
para justificar o anormal e assim, formar-se a contradição, mas o que é típico?
O indivíduo padrão típico, filho da modernidade, é objetivo,
cumpre regras, esforça-se para progredir e se assim é alcança seus objetivos.
Todavia, o que dizer daquele aluno que aparentemente não presta atenção, não
faz lição, porém é capaz de responder tudo?
Além disso,é anormal esquecer objetos, recados , reuniões ou
perder-se com facilidade? É típico memorizar tudo assim que nos é apresentado e saber localizar-se?
Os parâmetros servem para nos ajudar a traçar uma linha de
conduta ou estratégia, mas precisamos tomar cuidado para não categorizar,
julgar e punir indiscriminadamente.
A escola de hoje é fruto de séculos de políticas e esforços
homogeneizantes com o firme propósito de tornar todo mundo igual: mesmas roupas, mesmas ideias, mesmos
sonhos, mesmas facilidades.Entretanto, as diferenças são a base da experiência
e da possibilidade pois geram pontos de vista diferentes e soluções
surpreendentes.
Alguns professores ainda mantém o sonho de uma classe
homogênea, mas como pode existir tal turma se cada ser humano é um ser único?
Michel Serres afirma que “ Antes de ensinar qualquer coisa a
alguém, é preciso, conhecer esse alguém.” E para tanto, precisamos observar
atentamente que “ sem que percebêssemos,
nasceu um novo ser durante um curto intervalo, aquele que nos separa da Segunda
Guerra Mundial. Ele ou ela não tem mais o mesmo corpo, a mesma esperança de
vida, não habita mais o mesmo mundo exterior, não vive mais na natureza,nascido
sob peridural e com parto programado não teme mais a mesma morte com efeitos paliativos.” (
Michel Serres, 2011) . Vale lembrar que um novo ser demanda uma aproximação
diferente.
Obs. Laudar é um verbo inexistente nos léxicos da língua portuguesa,
assim como o seu particípio laudado em função adjetiva.visualizado em
9/09/13: http://usuarios.cultura.com.br/jmrezende/laudar.htm
Só conseguiremos ter uma sociedade mais justa e desenvolvida econômica, tecnológica e
ResponderExcluirintelectualmente, quando todos tiverem acesso não só a uma vaga na escola, mas a uma educação
que realmente proporcione a todos assenhorear-se do conhecimento. Restringir-se a cuidar das
crianças, é empobrecer função da escola, que é educar. Dessa forma, os ciclos de aprendizagem
dão oportunidades para que todos consigam atingir os objetivos propostos em um período maior
do que no sistema seriado, que era de apenas um ano. Aquela criança que necessitar de mais
tempo para aprender determinado conteúdo terá sucesso, mas, além de implantar os sistemas de
ciclos, ações sejam realizadas para que eles realmente tornem-se uma proposta de inclusão,
como: atenção ao ritmo e tempo de cada aluno, considerar que as diferenças presentes na sala de
aula contribuem com o professor e não ao contrário, buscar alternativas no grupo (sala de aula)
para maior atenção aos alunos que apresentarem dificuldades, formação continuada dos
professores, avaliação do processo de aprendizagem individual e na totalidade da sala de aula,
utilização de materiais pedagógicos diversificados, entre tantas outras a serem implementadas.tEMOS QUE CRIAR NÓSSA PRÓPRIA INCLUSÃO ... pARABÉNS aMIGA aNNA OUTRO TEXTO ESPETACULAR !ABRAÇO FRATERNO
Muito obrigada! Vc complementa muito bem meus textos acrescentando ideias e me motivando.Sonho com esta nova escola e acredito que juntos conseguiremos grandes resultados!Obrigada pela cooperação e incentivo!! Um grande abraço!
ExcluirAnninha:
ResponderExcluirAcredito que o objetivo precípuo desse Congresso foi
semear dúvidas e fragilizar as certezas.
As técnicas de ensino estão cada vez mais confusas, polêmicas e acondicionadas numa caixa-preta.
Não creio na existência do "indivíduo padrão típico", que se esforça, que cumpre regras, objetivo. Ao contrário, encontro muito mais descumpridores de regras, que têm pouca objetividade e esforço quase nenhum. Esse é o padrão atual por "n" motivos que prefiro não elencar para não me alongar exaustivamente e não cansar a blogueira.
Essa pretensão utópica de formar turmas homogêneas, com todos usando a mesma roupa, com as mesmas ideias, mesmos sonhos, numa igualdade total decretou a falência e o fim dos regimes comunistas. Isso é impossível.
No que diz respeito à sua amiga que padece do transtorno obsessivo por compras, a cura é bem simples: basta cancelar o seu cartão de crédito.
R.Floyd
Caro R. Floyd,
ResponderExcluirA clientela das escolas mudou e por isso tudo tem que mudar. Não há confusão alguma, a questão é que alguns teóricos da educação e políticos encontram-se em torres de marfim cerceados de todo e qualquer contato com o universo da sala de aula.Daí temos professores do século passado, tentando ensinar gerações deste século para viver o próximo século numa era em que o acesso à informação é muito fácil e rápido. É hora de despertar, para de reclamar e fazer!
Anninha:
ResponderExcluirO resultado dessa fantasmagórica associação - políticos canalhas e atabalhoados teóricos da educação - encastelados em torres de marfim, você pode encontrar no site www.topuniversity.com.
Procure a classificação da USP, UFRJ, UNICAMP no ranking mundial.
Acho até que merece uma reflexão para futuros textos no seu blog.
R.Floyd