sábado, 4 de maio de 2013

Ensinar a pensar ainda é uma revolução.


O filme O Sorriso de Monalisa ilustra magnificamente algumas das ideias de Paulo Freire sobre a instituição escolar  e o ensino tradicional.
Primeiramente, observa-se a classe burguesa e dominante controlando a vida das alunas para aceitarem e sonharem com o casamento como a única possibilidade de futuro promissor e perfeito. Ao longo do filme, vemos várias propagandas onde a moça é apresentada como a dona de casa feliz cercada de suas tarefas e utensílios do lar. Neste cenário,pensar ou fazer análise crítica de fatos não está entre suas possibilidades. As mulheres eram criadas para almejar casar-se, de preferência, enquanto ainda cursavam a faculdade e ainda ensinadas a aceitar as normas e a situação vigente.Aquelas que não estavam  namorando ou que ousavam buscar o conhecimento eram excluídas e menosprezadas. Neste quadro, a educação tradicionalista é motivo de orgulho e extremamente importante para a manutenção do status quo.
O ensino tradicionalista  pode ser usado como exemplo para o que Paulo Freire chama de  educação bancária, ou seja, os professores depositam o conteúdo  estabelecido na cabeça dos alunos sem discussão ou desenvolvimento de pensamento crítico. A instituição, representada nas pessoas de seus professores, domestica e aliena o aluno através do conhecimento imposto e depositado como num banco. A competência lingüística e cultural ensinadas pelas aulas de línguas, retórica, história, filosofia e artes garantem o sucesso e o status social. Portanto, não se busca formar cidadãos que questionem ou reflitam, mas almeja-se a manutenção e preponderância da classe dominante.
Retomando o filme,todos os que agissem de modo diferente como a enfermeira ou a professora de Artes eram taxados de subversivos e afastados da instituição. Por isso, “O importante, não resta dúvida, é não pararmos satisfeitos ao nível das instituições, mas submetê-las à análise metodicamente rigorosa de nossa curiosidade epistemológica”. (Freire,1998, p. 48)
Assim, a professora de artes busca ajudar as alunas a sair de uma situação alienante para uma situação de compreensão e atuar na realidade transformando a relação entre elas e a maneira de projetar o futuro.
De maneira a atrair a atenção das alunas, a professora inova e surpreende saindo dos parâmetros e preparando uma aula completamente diferente, leva à construção do conhecimento partindo daquilo que as jovens já sabem. A professora lê os arquivos pessoais das alunas e propõe atividades sempre diferentes e dinâmicas de acordo com as preferências das alunas, como a visita de campo, por exemplo. Ao mesmo tempo, faz com que as meninas pensem e reflitam sobre os pontos apresentados, instigando, questionando e ouvindo o que elas dizem. Também, transmite segurança garantindo que não há certo ou errado e até, na avaliação, pede que elas exponham suas ideias comparando e concluindo. Muito difícil no começo, mas, com sucesso, ajudou na construção do conhecimento e  a abrir a mente para o novo. Assim, podemos usar esta citação para resumir o trabalho realizado:

“Uma das tarefas mais importantes da prática educativa-critica é propiciar as condições em que os educandos em suas relações uns com os outros e todos com o professor ou a professora ensaiam a experiência profunda de assumir-se. Assumir-      se como ser social e histórico, como ser pensante, comunicante ,transformador, criador, realizador de sonhos, capaz de ter raiva porque capaz de amar.”(FREIRE)









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