Eu estava completamente irritada porque tinha visto uma mãe colocando coca-cola numa mamadeira e servindo para a filha de dois anos. Na minha concepção, esta atitude é completamente descabida e, portanto desnecessária. Ao me desabafar com uma ex-aluna e amiga querida, Ingrid Seiler Prior,encontrei eco em minha indignação. Por isso, pedi que ela escrevesse este texto que posto agora:
Hábitos
saudáveis devem ser desenvolvidos desde a infância, começando pelo que seu
filho leva na lancheira. O lanche escolar saudável é uma grande dificuldade na
alimentação infantil, pois é difícil para a mãe unir praticidade com qualidade,
e o filho aceitar o que a mãe escolheu.
O
lanche escolar é uma refeição intermediária, cuja função é fornecer energia à
criança entre duas refeições principais. O ideal é que ele contenha uma porção
de carboidratos, para fornecer energia; uma porção de lácteos,
que contém proteínas; uma porção de frutas,
responsáveis pelas vitaminas, fibras e minerais; e uma bebida, para hidratação.
Porém, é importante que a
ingestão da fruta seja facilitada, para evitar que a criança rejeite o alimento
pela dificuldade para consumi-lo. Ex: abacaxi e mamão em pedaços, laranja e
mexerica descascadas.
O carboidrato pode ser pão
ou bisnaguinha integral, barra de cereais, biscoitos integrais ou wrap
(novidade aqui no Brasil, mas as crianças adoram). A bebida pode ser suco de
fruta natural, iogurte ou água de coco, o achocolatado deve ser evitado. Caso a
mãe não possa preparar suco natural ou a escola não o forneça, pode ser levado
suco de caixinha. E não esqueça de colocar uma garrafinha de
água na mochila, para a criança não esquecer de tomar.
Evitar a
oferta de pães brancos, refrigerantes, confeitos, salgadinhos (especialmente os fritos), que
desequilibram a balança. Apesar de fornecerem energia, estes alimentos contêm o
que chamamos de calorias vazias, ou seja, não possuem vitaminas e minerais,
somente gordura saturada e carboidratos simples.
Seu
filho quer levar algo não muito nutritivo? De vez em quando, isso não é um
problema. Negocie com ele um dia da semana para este lanche, preferencialmente
no meio da semana para ficar distante do final de semana que já entram alguns
abusos na alimentação. Outra dica é incluir as crianças no processo de compra e
preparo do lanche. Vale levá-las ao mercado ou à feira, explicar a eles irão
fazer bem a elas.
Seguem
algumas recomendações:
·
Evite a monotonia
de opções. Procure variar o máximo possível as opções de lanches e as cores
para que a criança se sinta atraída pelo alimento;
·
Cuidado com
lanches que vão queijos, frios, requeijão ou mesmo evitar levar iogurtes ou
produtos que necessitam de refrigeração. São alimentos fáceis de estragar e
dificilmente as escolas tem um refrigerador para armazenar o lanche;
·
Sempre pergunte
dos lanchinhos dos colegas. Assim ficará mais fácil identificar quando o seu
filho comeu algo do amigo. As trocas de lanches escolares são comuns, mas para
crianças com obesidade isso pode agravar mais o ganho de peso;
·
As geléias de
frutas são boas opções de passar no pão por não precisarem de refrigeração;
·
Quando for
biscoitos ou bolachas não deve colocar na lancheira o pacote inteiro. Sempre
separa as porções de 4 a
5 biscoitos para não correr o risco da criança passar da quantidade adequada;
·
Orientar a
criança quando ela for consumir salgados da cantina, escolher os assados e
evitar as massas folhadas.
Contudo,
além da qualidade nutricional do lanche, é necessário que ele esteja bem
conservado. As lancheiras térmicas garantem conservação de duas a quatro horas,
mas mesmo assim, é melhor evitar patês e embutidos que necessitem de
refrigeração maior. Uma dica para um resfriamento extra, coloque a caixinha de
suco ou a garrafinha de água congelada na lancheira.
Ingrid Seiler Prior
Nutricionista especialista em Fisiologia do Exercício
Pós graduanda em Obesidade e Emagrecimento
CRN - 30.892
Obrigada pela participação, Ingrid! Sinto-me muito honrada!