Sempre tive medo de mergulhar. Só de imaginar a água me dragando e me levando para o fundo, já sentia falta de ar.O simples fato de sentir a água entrando em meus ouvidos, me fazia entrar em pânico. Nunca tive vontade de aprender a nadar ou boiar. Por outro lado, adoro olhar para o mar, curtir o ruído das águas correndo rio abaixo ou de me deleitar numa piscina ou lago, desde que eu pudesse ficar em pé.
Porém, em algum momento da nossa jornada por este planeta, teremos que nos deparar com nossos medos, inseguranças e temores.
Por muito tempo, dediquei-me a minha família, meus pais, irmão, filhos, marido e trabalho. Porém, num determinado momento, eles não me bastavam mais.
Primeiramente, perdi minha mãe e este fato foi decisivo nesta minha viagem para dentro de mim mesma.Questionei valores, analisando a vida que ela levara e a minha. Comecei a me procurar. Onde eu me encaixava em tudo isso e porque Deus havia sido tão cruel assim comigo.
Ainda em meio a um turbilhão de compromissos e obrigações, questionando-me sobre um sentido maior em minha vida. Sempre acreditei em Deus e já havia passado essa fase do sentir-me rejeitada e abandonada por Deus, porém não havia me encontrado neste mundo. E, como disse, anteriormente, mergulhar nunca fora o meu forte.
Questionando-me muito e pesquisando, lendo, conversando com vários amigos e amigas, fui lentamente tirando cada camada de mim com se faz com uma cebola.
Durante esta jornada para dentro de mim, surgiu uma oportunidade única e imperdível: realizar o sonho de conhecer Nova York. Claro que o medo instalou-se de cara. A insegurança arrumando mil motivos para não ir. Todavia, como só tem coragem quem tem medo, optei por dizer sim. Fui recebendo vários sinais indicando que deveria ir. Consegui com quem deixar as crianças, arrumei dinheiro, férias fora de época e todo apoio logístico necessário. Para completar os sinais, estava no salão fazendo as unhas e me deparo com uma crônica de Danuza Leão na qual ela descreve como foi bom viajar sozinha para Paris e encerra a crônica afirmando que “afinal de contas ela se considera uma ótima companhia.”
Pensando assim, comecei a focar nas inúmeras vantagens desta empreitada. Treinaria meu inglês sozinha e sem medo de pagar mico, sem ninguém pra quebrar minha imersão me fazendo falar português, poderia demorar quanto tempo eu quisesse fazendo compras, passar quanto tempo eu quisesse e onde eu quisesse., comer quando eu tivesse fome e não quando meus filhos estivessem com fome, ir ao toilete quando eu determinasse (pois mãe só vai ao banheiro quando os filhos vão).
Quando o avião decolou, eu pensei que “besteira eu estou fazendo..onde fui me meter”; entretanto, hoje digo sem sombra de dúvidas, foi a melhor viagem da minha vida.E, olha, preciso confessar que tenho muitas milhas viajadas, mas este foi o meu caminho de São Thiago de Compostela. Descobri como sou capaz, inteligente, independente e feliz. Passei um dia inteiro no Central Park, outro no Museu de História Natural, fui a shows da Broadway sem me preocupar se todos estavam compreendendo e curtindo, comprei e depois voltei para comprar de novo, conheci pessoas de diferentes partes do mundo e partilhei estórias de vida com todos. Não dei satisfação, não me preocupei com relógio. Fui eu mesma, eu – me mim comigo by myself – e descobri que SOU realmente uma ótima companhia de viagem. Agarrei meu pedaço da Grande Apple sem medo.
Li numa crônica que não devemos viajar quando estamos vivendo momentos difíceis e não queremos viajar quando estamos bem.Pois, eu acho que sempre é tempo de viajar, especialmente, para dentro de nós mesmos e, nesta viagem, não precisamos ir para outro hemisfério como eu fiz, dentro de nossa própria cidade, dentro de nossa própria casa, podemos e devemos mergulhar dentro de nós mesmas e partir. A maternidade é divina, mas perdemos um pouco a identidade. Deixamos de ter nome para ser a “mãe de..”,por isso, faz-se necessário buscar esse self que foi relegado e esquecido.
Anônimo disse...
ResponderExcluirAna, Já viajei muito e com muita gente, sem dúvida vc foi uma das melhores parceiras que encontrei até hoje. Continue sua caminhada...
8 de setembro de 2011 18:34
Solange Ribeiro: Tô aqui, Anna Silva!!! Amei o que vc escreveu! Eu tenho me sentido assim, viajando dentro de mim mesma! Recentemente fiz umas viagens em que fui "eu mesma", sem "roles" e foram momentos marcantes, lindos, maravilhosos! Eu quis comentar no teu post, mas não consegui. Gostaria de deixar registrado lá... Bjs e parabéns pelas conquistas! Vc é muito linda em todos os aspectos e isso não tem preço! Continue a trilhar por esse caminho pq vc só tem a ganhar em vida, momentos felizes e crescimento interior! Te adoro e te admiro muito!
ResponderExcluirQue bom que teve coragem de mergulhar em si mesma e enfrentar seus medos para conquistar a pessoa mais importante na sua vida:você.
ResponderExcluirAmeiiii...
ResponderExcluirAcho muito difícil conseguir expor todos esses sentimentos... Ainda mais dessa maneira tão objetiva.
Parabénssss!
Bjusss!
Adorei Anna! Vc é sempre a mlhor compnahia em qualquer ocasião! Amo você!
ResponderExcluirLiliana Roma
Oh.lindinha!!! Tb te amo!!! É mto bom refletir e sair inteira e nova desta reflexão...
ExcluirA melhor viagem, será sempre a instropecção própria. Francisco Sarsano de Godoi
ResponderExcluirOi, Anna. Adorei essa viagem interior, delícia! Vc esqueceu que se superou também ao nadar com o golfinho em Orlando...kkkkkkkkk
ResponderExcluirMiriam,
ExcluirQuando falo em superação, sempre menciono esse fato e toda a história. Foi demais mesmo. Até mergulhei com meu filho duas vezes!!!!! Obrigada, linda!!