Impossível não se encantar pela Escócia, especialmente
através dos olhos de uma viajante do tempo que se apaixona por um escocês em
1743. Não vou descrever a história, criticá-la, defendê-la nem tampouco resumi-la. Outlander merece muito mais com suas
passagens brilhantes e aprisionantes. Impossível parar de ler ou não rever a
série muitas vezes. Entretanto, vou deter-me em uma passagem em especial:
“Jamie não
era meu primeiro herói. Os homens passavam depressa demais pelo hospital de
campanha, de um modo geral, para que as enfermeiras pudessem conhecê-los bem,
mas de vez em quando se via um homem que falava muito pouco ou fazia pilhérias
demais, que se mantinha mais tenso e reservado do que a dor e a solidão poderiam
explicar.
E eu sabia,
grosso modo, o que podia ser feito por eles. Se houvesse tempo e, se fossem do tipo que conversavam para manter a
escuridão à distância, sentava-me com eles e ouvia. Caso ficassem calados, eu
os tocava sempre que passava por eles e ficava à espreita do momento oportuno,
quando poderia fazê-los se abrir, e os abraçava enquanto exorcizavam seus
demônios. Se houvesse tempo. Se não houvesse, aplicava-lhes morfina e esperava
que conseguissem encontrar alguém que os ouvisse, enquanto seguia em frente,
para atender aqueles cujos ferimentos eram visíveis.``( em Outlander, a Viajante do Tempo, de Gabaldon, Diana,
editora Saída de Emergência Brasil, p.713)
Assim, a enfermeira inglesa Claire Beauchamp Randall Fraiser descreve com perspicácia e arguidade
seu trabalho na enfermaria de campanha durante a Segunda Grande Guerra. Um
momento em que ela trata não apenas das feridas visíveis, mas também das
feridas da alma.
Esta passagem me fez meditar sobre quantas vezes não
ouvimos, não queremos ouvir, não percebemos, não temos tempo ou, simplesmente,
adiamos para depois, aquele momento em que deveríamos apenas escutar.
Estamos na era da comunicação, mas pouco ouvimos. Falamos
todos ao mesmo tempo sem sequer ouvir a própria voz do coração e da intuição.
Mas, ainda é tempo..será?
Por trás de toda atitude, existe uma história que merece e grita para ser ouvida.
Por trás de toda atitude, existe uma história que merece e grita para ser ouvida.
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