domingo, 17 de maio de 2015

Tarja Branca

Pânico, Depressão, Melancolia, Ansiedade, Bulimia e tantos outros monstros nos rodeiam mais e mais a cada dia dentro das escolas. O mundo está doente de escassez de tempo. Como bem retrata o filme Tarja Branca, está faltando O BRINCAR em nossas vidas.
As crianças tornaram-se mini executivos. Os pais são cobrados pelos outros pais: Como assim? Ainda não faz inglês, nem tem aulas de tecnologia? Tem que praticar  esportes! E as escolas também são cobradas: só isso de lição de casa? A escola não é boa! Há páginas em branco na apostila!
Cada vez mais vejo alunos chegando às 7 da manhã na escola e saindo às 19. Tempos modernos onde ficar na escola parece ser a melhor solução. E, neste ritmo alucinado, cada vez mais vemos crianças estressadas, depressivas com transtornos claros  causados por exaustão.
Já que o período integral é um mal necessário, que possamos, pelo menos, reproduzir os momentos de descanso que usufruiriam em casa: televisão, liberdade, flexibilidade de horários e brincadeiras livres. A hora da brincadeira dirigida poderia ser deixada para o período de aulas. Como é mencionado no filme TARJA BRANCA   - a revolução que faltava “Ocupar a criança o tempo inteiro é um massacre.”
Tornamos nossa própria vida massacrante. Como professora, percebi que temo ver os alunos desocupados e estou sempre preenchendo o tempo deles e o meu com atividades. Esquecemo-nos que o ócio também é criativo! O cérebro precisa de tempo para administrar o conhecimento e devolvê-lo criativamente.
Frente a tudo isso, achei melhor voltar à minha infância. Não que eu deteste tecnologia. Ao contrário, uso muito os vários recursos em minhas aulas, porém paralelamente, tenho desenvolvido outras atividades. Por exemplo, para reforçar o alfabeto em inglês ensinei meus alunos a pular corda. Não pense que foi fácil. Eles nunca haviam pulado corda na vida e já estavam com oito anos.  Gradativamente, fui ensinando a pular e a rodar a corda enquanto falávamos o alfabeto em inglês. A coordenação foi melhorando tanto para rodar e pular como trabalhar em equipe. Ao invés de contar, falávamos o alfabeto. Chegar à letra Z foi a coroação do nosso trabalho semestral. Para mim, foi contagiante ouvir os alunos chegando à escola e perguntando se íamos pular corda.
Somos uma sociedade faminta de tempo de livre. Ouso dizer que tememos o tempo livre. Sugiro que comece devagar. Dê a si mesmo o direito a ficar alguns minutos sem nada para fazer. Lembre-se que Isaac Newton estava à sombra de uma árvore quando começou a elaborar a teoria da gravidade.

Link para o filme: http://www.videocamp.com/video/tarja-branca/ 

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