domingo, 4 de maio de 2014

Outono da vida

Na minha infância adorava ver as folhas sendo gradativamente tingidas de laranja seguindo , depois, de um tom amarronzado. Até que compreendi que, na verdade, elas estavam morrendo e então passei a detestar o outono e entristecer-me quando via as folhas no chão. Achava-as tão lindas em sua nova coloração, mas ficava triste ao saber que estavam longe das suas raízes e morrendo.
Hoje, lembro-me dessa inocência da infância e sorrio comigo mesma ao ver as folhas mudando de tom.
Não me entristeço mais. Compreendo que o ciclo da vida está se renovando e como dizia minha mãe: “Uns tem que ir para que outros voltem.” Continuo admirando o envelhecer tranquilo das folhas ainda nos galhos. Lentamente a mudança vai ocorrendo, mas sem perder a beleza nem a essência. Tudo tem seu tempo. Assim, também, vejo-me envelhecer e espero que com a mesma beleza e encanto das folhas que admiro. Estou no meu outono.
Assim, aprecio a paisagem mudando de cor e temperatura e visualizo ciclos findando e outros se iniciando. Após o calor esplendoroso do verão, chega a época de nos prepararmos para o inverno, Ao contrário da expansão proposta pelo verão, agora chega a época de diminuir o ritmo, refletir e começar a preparação para o período de interiorização oferecido pelo inverno. Viver sem pensar no que se vive e principalmente porquê se vive seria inútil. Filosofar é preciso!


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