Início
do ano letivo, reunião da escola, entrega de material, compra de uniforme,
lanchera e mala. Na cabeça da mãe, passa, como num filme, um milhão de detalhes
para resolver. O cenário mental é quase
dantesco: a mochila tem que ser com
rodinhas – para não prejudicar a coluna, o lanche tem que ser saudável – conforme determina a
nutricionista, o material todo etiquetado e encapado, enfim, uma mãe perdida
entre tantos papéis com tipos e padronagens diferentes e um medo imenso do que
a espera: deixar o filho na escola. Medo e ansiedade ancoram no coração das
mães.
Chegada
na escola, com a imensa sacola de material no ombro, o coração pesado com
saudade antecipada e a curiosidade
aguçada. Neste dia, a primeira reunião com a professora, ou melhor com aquela
que irá levar seus filhos para um outro lugar, ou melhor dizendo um outro mundo
onde a mãe não faz parte, pode até
visitar, mas não pode e não deve permanecer. Este fato fere com atrocidade um coração de mãe porque este momento de
deixar o filho na escola é um segundo parto, muito mais difícil que o físico
pois laços invisíveis parecem desfazer-se.
Enrijecida
com receio de que o filho sofra e, ao mesmo tempo, temendo que o filho se
encante demais com aquela que não é TIA, mas é chamada e será amada como tal, a
mãe leva o filho pela mão até sua sala. Ao deparar-se com a mulher que, daquele
momento em diante será considerada a mais inteligente das mulheres e sem
dúvida, emprestando o slogan do comercial de sutiã, a primeira professora a gente nunca esquece, a mãe hesita e torna-se difícil dizer qual sofre mais
:aquela mãe cujo filho se despede e se
entrega às novas aventuras com galhardia ou aquela cujo filho, sentindo a hesitação da mãe,
agarra-se tentando retardar a separação.
Todos
nós sofremos perdas e cortes dolorosos, mas, assim como a árvore não morre ao
ser podada, ao contrário, brota com mais vigor, o ser humano é capaz de se renovar a cada novo ciclo. As árvores são
símbolos do ser humano e do universo em suas vidas cíclicas: queda de folhas, brotos
novos, flores, frutos, sementes, nova árvore, novo broto e mais um ciclo de
vida com todos os mistérios da vida, morte, alegria e dor que se alternam na
existência humana.
Ao
sair da escola, de mãos vazias – pois o filho ficou na escola - e livre do peso
da sacola com material escolar, observe
as árvores do caminho. Elas também têm muito a ensinar!
Ai Anna...se fosse só isso ! E quando crescem e se afastam físicamente e ocupam suas alminhas com amores, profissão... são outras perdas que temos que ir elaborando também.... Mas acho que estas e tantas outras "perdas" nos devolvem a nós mesmos. bjos!
ResponderExcluirIzabel Vieira