Na AT Revista desta semana, Paulo Coelho publicou em sua
coluna uma história de Confúcio que salientava a importância de saber o nome
das pessoas ao nosso redor. Ao ler a coluna, ainda com o pensamento numa história verídica que uma amiga havia me
contado, não pude deixar de pensar na
importância de saber nomear tudo o que nos rodeia. Minha amiga foi a uma
reunião na escola da filha de dois anos onde a professora para exemplificar
como a filha era autoritária relatou que ela se recusou a pegar a massinha vermelha para fazer uma maçã. Como a professora insistia que a menina tinha que
usar massinha vermelha e ela queria usar a azul, ela simplesmente não fez a
maçã.
Bem autoritarismo é diferente de desobediência. Autoritário
é aquele que está sempre dando ordens, desobediente é aquele não obedece regras ou ordens. No caso
ilustrado, há dois erros. Primeiro, a situação exemplificada serve para embasar
um exemplo de desobediência, ou seja, a professora ordenou que fosse usada
massinha vermelha e, como ela queria fazer a maçã com azul, não obedeceu. É
diferente de autoritarismo, este caso é quando a criança dá ordens, inclusive
para as outras crianças como “Faça isso!” ou “Agora é assim!”
O outro erro que considero mais grave foi o cerceamento da
criatividade. Por que uma maçã não pode ser azul? Aos dois anos de idade,
podemos tudo em termos de imaginação. A professora precisaria ter investigado
primeiramente se a criança era capaz de nomear as cores, ou seja se não havia
um problema para nomear e reconhecer as
cores. Esta etapa vencida, por que cercear a liberdade e a imaginação? Com
certeza, há um motivo para a criança querer fazer a maçã azul e, ainda
questiono, quem disse que maçãs devem ser
vermelhas? Não podem ser verdes ou marrons? Este caso ilustra a história
que relatei numa outra postagem (http://considerasobreeducacao.blogspot.com.br/2013/03/posso-pintar-uma-flor-de-azul.html
) mostrando que ainda hoje há professores despreparados para trabalhar com
crianças.
Sugiro aos professores que prepararem-se para a reunião de
pais assim como preparam suas aulas. Eu também vive uma situação em que claramente flagrei o professor totalmente
despreparado para a reunião, falando no automático. Na reunião de meu filho que
está no ensino médio, aproximei-me da professora de biologia que segundo a
escola é excelente e perguntei sobre meu filho. Ela olhou nos documentos com as fotos e começou a falar que ele precisava
falar menos e prestar mais atenção às aulas porque assim conseguiria um
desempenho melhor. Após todo esse preâmbulo, que ia na contramão de tudo que os
professores das outras disciplinas tinham dito, ela abriu a caderneta para ver
a nota dele e ficou boquiaberta pois ela tinha 9 de média!!!!! Ela mesma não
conseguiu segurar a surpresa.No primeiro bimestre do ensino médio, este
resultado está muito acima do esperado, ou seja, ela falou o que diz para todos
os pais sem se preocupar a respeito de quem estava realmente falando e esqueceu um pequeno detalhe: mães de bons
alunos também vão às reuniões.
Anna:
ResponderExcluirO quadro atual da educação é muito pior do que esses exemplos demonstram. É desalentador!
Além da flagrante falta de preparo dos professores, causa estupefação o fato de alunos concluírem o ensino básico completamente analfabetos, fruto da odiosa progressão automática. E prosseguem a vida escolar na mesma condição.
É verdade que alguns evoluem e passam para a categoria de "analfabetos funcionais". Quando atingem esse patamar, é motivo de comemoração com queima de fogos e banda de música executando o Hino Nacional.
O curso superior está em frangalhos, bastando observar os alarmantes resultados dos exames da OAB e do CREMESP, sinalizando que, caso você fique doente ou venha a se envolver numa pendenga jurídica, tenha certeza: vai passar por sérias dificuldades.
Então, não será uma incompreendida maçã azul ou uma professôra que mal conhece seus alunos que vão agravar ainda mais a indigência a que está relegado o ensino, como nunca na história deste país.
R.FLOYD
Tudo começa na base e volta para ela.Prepara-se mal a criança, que cresce e prepara mal a geração seguinte. Temos que quebrar esse círculo.
ExcluirEntão Anna, claro que reconheço a história. Minha filha foi desobediente concordo. Mas em geral ela não é. Aceita as regras conforme sua idade. E questiona tudo. E a professora me disse que ela questionou o porque de a maçã não poder ser azul. E a resposta, as maças são vermelhas. E sou obrigada a admitir, quando não conseguimos demonstrar a ela o ponto de vista, ela geralmente bate o pé. Até que ponto tenho que podar essas atitudes? Cercear a sua criatividade? Obedecer às regras sim, mas apenas fazer o que se manda, sem saber o porque também não me parece certo. Débora Matias
ResponderExcluirEla não foi desobediente, ela queria explicações e liberdade para criar.A professora é que precisa de melhor preparo pois não sabe dar diferenciar autoritarismo e desobediência, não sabe quais comportamentos são típicos para a idade nem como lidar com a criatividade. Pergunte a Romero Britto de que cor são as maçãs...rs
ExcluirComplementando o meu comentário anterior, deixo aqui mais uma triste constatação da situação de penúria que está vivendo o ensino nacional.
ResponderExcluirRecentemente, tomei conhecimento que numa seleção de pessoal com nível superior o examinador submetia os candidatos à uma prosaica prova de "ditado". O estarrecedor é que 98% foram reprovados.
Dá prá aguentar?
R.FLOYD
Obedecer às regras, mas apenas fazer o que se manda sem saber o porquê é um pensamento básico das Forças Armadas e uma criança de dois anos não deve estar alistada.
ResponderExcluirA professôra é mais uma cretina entre tantos outros que gravitam no meio escolar.
R.FLOYD
Amei!!!!! Essa tirada das Forças armadas foi demais!! Vou falar pra minha amiga!!
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