domingo, 1 de setembro de 2013

TDAH - sinal dos tempos modernos?

Participei de um Congresso Internacional esta semana cujo foco foi dificuldades de aprendizagem  e inclusão. Foram dias de muito aprendizado, confraternização, discussão e constatações. Uma das palestras que gostei muito tratava sobre mitos e verdades do transtorno supra-citado.
O Dr. Guilherme Polanczyk  começou apresentando que em 1854, o médico alemão Heinrich Hoffmann já descrevia um comportamento atípico em crianças com as características nítidas de TDAH e em 1902 um pediatra inglês , também apresentou relatos de crianças com hiperatividade e déficit de atenção. 
Em 1937, tratamentos com base em Benzedrina já começaram a ser utilizados, portanto, não é uma novidade dos tempos modernos nem tampouco causada pela TV ou pelo computador..
Hoje em dia, já se sabe que 5% da população mundial tem a comunicação entre as partes do cérebro prejudicada e que este fato independe do local de nascimento ou da maneira como são  criadas.
Por outro lado, sabe-se que além de haver  uma carga genética, alguns fatores como nascimento prematuro e exposição a tabaco, drogas e álcool  também podem desencadear o transtorno.
O volume cerebral é menor  nos portadores de TDAH e a velocidade de comunicação e a  realização das sinapses é diferente causando uma imaturidade de 2 ou 3 anos em relação às outras crianças.
Com o avanço da idade, há uma involução dos sintomas, porém o prejuízo é cumulativo e é a 3ª principal causa de limitação nos EUA.
Nas crianças em idade pré-escolar nota-se  a impulsividade,  a agitação marcada, difícil organização de tempo e falta de noção de perigo.
Infelizmente, A TDAH ainda é subdiagnosticada e subtratada porque os sintomas podem não ser evidentes  e a existência de comorbidades costuma também  dificultar o diagnóstico.Antes de julgar e condenar a criança, seria bom avaliar.


Guilherme Vanoni PolanczykMédico pela UFRGS, Psiquiatra e Psiquiatra da Infância e Adolescência pelo HCPA-UFRGS. Mestre e Doutor em Psiquiatria pela UFRGS. Pós-Doutorado no Social, Genetic and Developmental Psychiatry Centre, Instituto de Psiquiatria de Londres e na Duke University. Atualmente é Professor de Psiquiatria da Infância e Adolescência do Departamento de Psiquiatria da FMUSP, Coordenador do Programa de Diagnóstico e Intervenção Precoce e do Programa de Psicofarmacologia do Serviço de Psiquiatria da Infância e Adolescência do Instituto de Psiquiatria, HC-FMUSP e Diretor do Instituto Nacional de Psiquiatria do Desenvolvimento (INPD). 

3 comentários:

  1. Anninha:

    Por acaso, você teve contato com álcool e tabaco durante o Congresso?
    Em caso positivo, está explicada a hiperatividade de sua imaginação, superdimensionando o temário do evento.
    Reconheço que o assunto tem a aridez de três desertos e é muito difícil o diagnóstico desse transtorno e suas comorbidades.
    Explico: tinha uma vizinha no Rio, uma senhora baiana chamada Izabel. A D.Iza, como era conhecida, ao primeiro sinal de chuva e trovoadas entrava em desespero e pedia socorro a quem estivesse na minha casa. Corria para uma cama qualquer e se cobria até a cabeça. Isso foi tolerado por muito tempo até que, numa dessas crises, procurou refúgio exatamente na cama em que meu pai dormitava.
    Minha mãe a livrou dessa comorbidade no ato!
    Tem gente que treme nas bases ao passar diante do portão de um aeroporto, que desmaia num exame de sangue, que se horroriza ao cruzar com uma inocente galinha ou um gato, preto ou não, que sobe a pé os trinta andares do consultório do dentista, passando ao largo do elevador, que come compulsivamente e asslta geladeiras de madrugada, que em público, não balbucia nem um bom dia por medo, fobia mesmo.
    Embora sejam comorbidades típicas dos acometidos por TDAH, essas pessoas nunca sofreram desse distúrbio. São, apenas, exageradas ou excessivamente medrosas. Nada além disso.

    No entanto, a sua iniciativa é louvável ao tentar difundir o conhecimento sobre o TDAH que o Congresso lhe proporcionou.

    Mas, fale a verdade: você teve ou não algum contato com álcool e tabaco durante o evento? Com drogas, não acredito.

    R.Floyd

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Caro Mr. Floyd,
      Com tabaco e drogas nem pensar, mas preciso confessar que um choppinho na hora do almoço foi indispensável para nos ajudar a suportar a aridez que vinha na parte da tarde. Quanto aos seus vizinhos e amigos, tenho certeza ao laudar que de médico poeta e louco todo mundo tem um pouco, inclusive nós dois!! Há que ter paciência com a loucura alheia apra que tb a tenham com a nossa!!Obrigada pela contribuição. Esses casos relatados dariam ótimas crônicas!!

      Excluir
  2. Anninha:

    Principalmente o caso da temerosa por tempestades e trovões.
    O desfecho da história foi hilariante. Até hoje fico na dúvida se o caso era mesmo de terror à chuva ou se ela nutria sonhos eróticos com meu pai.

    R.Floyd

    ResponderExcluir

Aguardo seus comentários.Eles são muito importantes para mim pois meu objetivo é aprofundar conhecimentos e esclarecer minhas próprias dúvidas.