quarta-feira, 22 de maio de 2013

Segundas intenções:


A cada dia que passa vejo como o ser humano parece ter dificuldade em elogiar o outro pela simples  vontade de enaltecer algo admirável. Educadores e psicólogos  têm reiteradamente incitado as pessoas a praticarem o reforço positivo; entretanto, além de pouco disseminado, este hábito parece difícil de ser implantado e, algumas vezes, é utilizado erroneamente. Como o reforço positivo pode ser usado de maneira errada?
Por mais incrível que pareça, ele pode sim. Pessoalmente, presenciei como foi usado de forma a criticar os outros alunos da sala. Infelizmente, os outros alunos perceberam o artifício e eu mesma também, deixando um sabor amargo para todos.
Eu acabara de terminar uma pós e me interessei por um curso de extensão que já estava em andamento há dois meses.Todavia, como a professora já me conhecia como aluna, permitiu que eu iniciasse o curso já em andamento. Após um mês de aulas, ela pediu que escrevêssemos um artigo sobre um assunto que foi amplamente discutido em aula.
Na aula seguinte, eu entreguei o artigo e uma colega perguntou se poderia trazer na aula seguinte. Neste instante, a professora assentiu que ela trouxesse, mas acrescentou, ironicamente, que não esperava receber nenhum.Naquele instante, achei-a  desmotivada, pois um professor deve sempre motivar seus alunos a realizarem as tarefas propostas por acreditar que seria melhor para o desenvolvimento intelectual deles. Como assim??? Não esperava nenhum???!!
Na aula seguinte, ela devolveu meu artigo corrigido e acrescentou “-Você escreve muito bem, mas este superou todos os outros que eu já li.”
Feliz com o comentário elogioso de uma especialista no assunto, comecei a ler os comentários que ela havia escrito. De repente, uma das alunas questionou sobre o fato de terem  acordado que eles não fariam atividades escritas em casa.Neste momento gelei exilando-me, pois como eu iniciara o curso tardiamente, eu não participara dessa discussão e não tinha a mínima ideia desse combinado. A professora num tom sarcástico respondeu que ninguém precisava fazer as atividades se não quisesse. E, assim, iniciou-se um debate onde a professora insistia no elogio ao meu trabalho e a minha conduta enaltecendo o fato de eu ser boa aluna, estudiosa e sempre presente. Na verdade, ela não estava me elogiando apenas, ela comparava-me sutilmente com as outras, desmerecendo-as.
Desta aula,  não guardei apenas os elogios ao meu estilo,  mas, principalmente, o cuidado que devemos ter ao elogiar alguém sem usar esta técnica como modo de alfinetar os outros. Embora as palavras tenham sido gentis, a intenção foi claramente de denegrir a postura dos outros alunos. Não só não pude saborear o momento de glória como senti o gosto amargo de ter causado aquela pequena confusão.
Mais uma vez, aprendi uma lição, como não falar com uma classe e como fazer um elogio ser realmente um elogio. Bastava ter elogiado meu artigo e quando questionada a respeito do trato, ter confirmado a existência dele abrindo a possibilidade para que aqueles que quisessem, se sentissem à vontade para trazer seus textos. Foi um dia em que no mesmo instante vivi o meu ponto alto e, ao mesmo tempo, um ponto baixo também.

Um comentário:

  1. Vc me faz lembrar que passei a mesma situação,o melhor disso é que mudei até mesmo as minhas atitudes com relação a educação dos meus filhos,elevar todos e exaltar o lado positivo em sala de aula,ou nos estágios só me trouxe lindas recompensas e alunos satisfeitos e felizes PARABÉNS SEMPRE !!!!! Um Abraço fraterno

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